quinta-feira, 2 de maio de 2013

Avozinha diz-me tu...


          A avó do Flávio contou-nos a história de uma jovem que arriscou a vinda de uma aldeia pacata para a cidade.
         "Eu, Emília, mais conhecida por Mila, nasci a 4 de junho de 1957, hoje com 55 anos, conto um pequeno resumo da minha vida. Até aos meus 16 anos vivi numa aldeia muito pacata e pequenina chamada Manhuncelos, situada em Marco de Canaveses, onde ainda hoje tenho uma casinha em pedra muito arranjadinha!
         Quando vim para Oliveira do Douro, fui viver para casa de uma irmã, para tentar a minha sorte a nível profissional e amoroso...quem sabia! O meu primeiro emprego foi numa pequena fábrica a cortar calçado. Passado alguns anos, surgiu a oportunidade de ir para uma fábrica grande, com melhores condições. Mas, passados 19 anos, em 2004, a fábrica com mais de 1500 funcionários fechou! Fiquei desempregada e muito triste, mas depressa dei a volta por cima e, em 2005, com os meus 47 anos, surgiu a oportunidade de tirar o 9.º ano e fazer o curso de geriatria, que me concretizou a nível profissional!
         Sou uma apaixonada pelo meu trabalho! Cuido de idosos num centro de dia  e gosto muito de tratar, ajudar, trabalhar, brincar e cantar com os meus velhinhos tão queridos do meu coração. Alguns são rezingões e preguiçosos, mas muitos são alegres, brincalhões e muito meigos. Sinto-me feliz pelo  trabalho que faço, pois hoje em dia grande parte dos nossos velhinhos são abandonados, mal tratados e até explorados e sem carinho, mas pessoas como eu e crianças como vocês, vamos ajudar e acarinhar sempre os nossos avozinhos e avozinhas.
         Eu, avó Mila, também tive um grande e único amor na minha vida, que encontrei há 40 anos atrás, que é o meu marido Francisco, mais conhecido pelo Avô Xico. Nasceu na mesma aldeia que eu, mas veio para a cidade com 3 anos. É engraçado o destino! Ele fez com que nos encontrássemos e apaixonássemos. O nosso primeiro beijo foi muito engraçado e até romântico, depois de muitas tentativas do meu amor. Tudo aconteceu num fim de semana em que eu andava a ajudar uns familiares na lida do campo e quando levava um cesto de batatas à cabeça, o meu amor apareceu  e deu-me um beijo na boca sem eu contar. Foi um misto de emoções, pois fiquei contente por termos começado a namorar, mas aborrecida ao mesmo tempo, pois deixei cair o cesto e tivemos que apanhar as batatas todas.
         Namorámos algum tempo, casámos e tivemos uma menina que Deus levou ao nascer. Mas, passado 2 anos, Deus abençoou-nos com outra menina, que me encheu de felicidade. Ela chama-se Hélia Patrícia e tenho vivido muito feliz. Aos 47 anos fui avó do Flávio Miguel. Foi um momento de grande felicidade e ele também é o amor da minha vida.


       Depois de termos ouvido esta linda história e de termos questionado a vovó Mila, ela e o seu neto trouxeram-nos alguns miminhos, desde um saquinho com gomas, bolinhos em forma de estrelas e a nossa mascote, feita pelas avós do Centro de Dia de Salvador Caetano e Ana Caetano, onde a vovó Mila trabalha. Como ficámos todos enternecidos, a nossa professora teve a ideia de cada um de nós levar a Milinha para casa e passar uma noite com ela.
     Queridas avós muito obrigada pela Milinha, é um marco muito significativo neste nosso projeto!



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