A avó do Flávio
contou-nos a história de uma jovem que arriscou a vinda de uma aldeia pacata
para a cidade.
"Eu, Emília, mais conhecida por
Mila, nasci a 4 de junho de 1957, hoje com 55 anos, conto um pequeno resumo da
minha vida. Até aos meus 16 anos vivi numa aldeia muito pacata e pequenina
chamada Manhuncelos, situada em Marco de Canaveses, onde ainda hoje tenho uma
casinha em pedra muito arranjadinha!
Quando vim para Oliveira do Douro, fui
viver para casa de uma irmã, para tentar a minha sorte a nível profissional e
amoroso...quem sabia! O meu primeiro emprego foi numa pequena fábrica a cortar
calçado. Passado alguns anos, surgiu a oportunidade de ir para uma fábrica
grande, com melhores condições. Mas, passados 19 anos, em 2004, a fábrica com
mais de 1500 funcionários fechou! Fiquei desempregada e muito triste, mas depressa
dei a volta por cima e, em 2005, com os meus 47 anos, surgiu a oportunidade de
tirar o 9.º ano e fazer o curso de geriatria, que me concretizou a nível
profissional!
Sou uma apaixonada pelo meu trabalho!
Cuido de idosos num centro de dia e
gosto muito de tratar, ajudar, trabalhar, brincar e cantar com os meus velhinhos
tão queridos do meu coração. Alguns são rezingões e preguiçosos, mas muitos são
alegres, brincalhões e muito meigos. Sinto-me feliz pelo trabalho que faço, pois hoje em dia grande
parte dos nossos velhinhos são abandonados, mal tratados e até explorados e sem
carinho, mas pessoas como eu e crianças
como vocês, vamos ajudar e acarinhar sempre os nossos avozinhos e avozinhas.
Eu, avó Mila, também tive um grande e
único amor na minha vida, que encontrei há 40 anos atrás, que é o meu marido
Francisco, mais conhecido pelo Avô Xico. Nasceu na mesma aldeia que eu, mas
veio para a cidade com 3 anos. É engraçado o destino! Ele fez com que nos
encontrássemos e apaixonássemos. O nosso primeiro beijo foi muito engraçado e
até romântico, depois de muitas tentativas do meu amor. Tudo aconteceu num fim
de semana em que eu andava a ajudar uns familiares na lida do campo e quando
levava um cesto de batatas à cabeça, o meu amor apareceu e deu-me um beijo na boca sem eu contar. Foi
um misto de emoções, pois fiquei contente por termos começado a namorar, mas
aborrecida ao mesmo tempo, pois deixei cair o cesto e tivemos que apanhar as
batatas todas.
Namorámos algum tempo, casámos e
tivemos uma menina que Deus levou ao nascer. Mas, passado 2 anos, Deus
abençoou-nos com outra menina, que me encheu de felicidade. Ela chama-se Hélia
Patrícia e tenho vivido muito feliz. Aos 47 anos fui avó do Flávio Miguel. Foi
um momento de grande felicidade e ele também é o amor da minha vida.
Depois de termos
ouvido esta linda história e de termos questionado a vovó Mila, ela e o seu
neto trouxeram-nos alguns miminhos, desde um saquinho com gomas, bolinhos em
forma de estrelas e a nossa mascote, feita pelas avós do Centro de Dia de Salvador
Caetano e Ana Caetano, onde a vovó Mila trabalha. Como ficámos todos
enternecidos, a nossa professora teve a ideia de cada um de nós levar a Milinha
para casa e passar uma noite com ela.
Queridas avós
muito obrigada pela Milinha, é um marco muito significativo neste nosso
projeto!
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