Os avós da Inês e
da Matilde foram os nossos segundos convidados. E contaram-nos a sua história...
“Chamo-me Maria Clara Rodrigues Dias e nasci no
belo ano de 1951, mais concretamente no dia 2 de junho. Houve grandes
acontecimentos na minha vida que aconteceram cedo… comecei a trabalhar aos 13
anos e aos 15 tive o meu primeiro e único namorado.
A vida dos meus pais não era fácil, daí eu ter
começado a trabalhar tão cedo. O meu pai era um homem doente, sofria de um
problema dos pulmões e até esteve internado num sanatório (uma espécie de
Hospital onde as pessoas ficavam até se sentirem melhor), situado no Caramulo.
A minha família era humilde, por isso tive de ir
trabalhar tão cedo! Também ajudava nas tarefas da casa: por exemplo, ia lavar a
roupa para o ribeiro (naquele tempo, não era habitual usar a máquina de lavar).
Tinha de andar mais de 1 km com uma bacia na cabeça, cheia de roupa! Mas
enganam-se se estão a pensar que ir ao ribeiro me deixava triste. Não senhor! É
que o meu namorado, que é hoje meu marido, ia lá ter comigo e, enquanto eu
lavava a roupa, ficávamos a conversar.
O meu namorado vivia em Oliveira do Douro e eu
vivia em Avintes. Como a minha casa ficava em frente à casa dele, nós tínhamos
um código secreto para comunicar: quando ele chegava, dava-me um sinal de luzes
(para eu saber que ele já estava em casa).
Passado algum tempo ele foi para a tropa, foi
militar em Angola. Durante esse período de ausência dele, eu trabalhei bastante
para ganhar dinheiro e fazer o enxoval. Também lhe mandava produtos
portugueses, sobretudo nas épocas festivas (pelo Natal, pela Páscoa,…).
Felizmente, nada de mal lhe aconteceu em Angola e,
quando ele regressou, casámos. Tivemos duas filhas muito lindas! Ficámos tão
felizes com o nascimento de ambas! Já estamos casados há 38 anos… Agora também
já temos duas netas, que são a nossa alegria e, tal como a minha mãe me ajudou
a educar as minhas filhas (porque eu era, ao mesmo tempo, mãe, esposa, dona de
casa e operária em fábricas de calçado), também eu agora ajudo, em tudo o que
posso, na educação das minhas netas. E é por isso mesmo que escrevi esta
história: para elas saberem que podem contar sempre com meu amor, com o meu
carinho e com a minha ajuda…”
A avó sensibilizou-se e lacrimejou. Sentimento captado por alguns de nós, que estavam atentos a tudo o que se passava.
O avô ensinou-nos um jogo tradicional, que jogava quando tinha a nossa idade. Fomos para o recreio e todos nós quisemos lançar o pião, mas que grande confusão, pois só havia um e não é nada fácil!
Nós lá oferecemos uma lembrancinha e os avós deram um chocolate a cada um. Hummmm…nhmam,nham
Foi uma tarde bem passada e docinha! Muito obrigada vovós.